quinta-feira, 9 de abril de 2009

Insônia

Estava eu pensando, em uma noite de insônia, sobre o nosso papel hoje no mundo. Estamos cercados de problemas, injustiças, erros, e o que fazemos? Não anseio nem penso em coisas grandiosas tais quais salvar a população mundial, mas sobre como podemos agir em prol das pessoas que nos cercam. Isso me lembra a história de um espadachim do final da era Edo no Japão, que quando foi instaurada a monarquia, ao invés de ocupar um cargo importante no governo, como fizeram os grandes samurais monarquistas da época, preferiu viver como um andarilho, e proteger efetivamente as pessoas que estavam ao seu redor, sem a ilusão de "salvamento em massa" que os cargos públicos muitas vezes podem gerar.

Fugi um pouco de onde gostaria de chegar. Desde pequeno, fui educado como cristão, frequentei a igreja com minha mãe, e até certo tempo da minha vida, isso me bastou. Entretanto, porém e contudo, chegou um tempo em que as paredes de um templo não me bastaram, e procurei a Cristo com outros olhos. Estava cansado do "cristianismo miguxo", onde todos são bons, onde os irmãos da igreja se amam e tudo corre na mais santa paz. Somos humanos, erramos, mentimos, traímos, caímos. É a nossa imperfeição que nos leva a sermos nós.

Eu precisava entender o porque de obedecer a Deus. Muitas pessoas entenderiam isso como um gesto de rebeldia, mas não Deus. Obediência só é válida, quando se entende a origem dela. Se a obediencia for "engolida", vira autoritarismo, e não consigo enxergar Deus dessa maneira. Para um exemplo disso, é só observarmos ao longo dos quatro evangelhos Jesus ensinando, sendo questionado e respondendo, sem negar uma resposta uma única vez, e calando os escribas diante de sua sabedoria (Lc 20:39-40).

E temos também os supracitados cristãos "miguxos", onde se incluem muitas vezes os diretores, conselheiros, ou seja lá qual for a denominação que cada igreja usa, com sua aura de bondade e amor, mas que conseguem entrar no conceito nietzschiniano de "superioridade cristã" (na qual o "perdão" e o "amor" de alguns "cristãos" não é nada mais do que uma forma de vingança por uma vida submissa, e que assumem tal aura como uma forma de vingança às avessas, colocando-se assim como superiores aos demais, pois são capazes da nobreza do perdão acima de tudo). Não consigo crer em pessoas que não mostram suas falhas, seu lado humano. Para mim, todas elas parecem com Pedro, quando este diz que daria a vida por Jesus momentos antes da Paixão (Jo 13:37-38), e logo em seguida sua "vontade" toda cai por terra, quando Cristo diz que este o negaria ainda três vezes naquela mesma noite. O mais incrível, é que o Filho de Deus não recrimina o apóstolo, pois sabe que este é apenas humano, e que dentro desta limitação, é fraco.

Deus é um só, mas se revela das mais variadas formas, da maneira que cada um precisa, pois só Ele conhece nosso íntimo.

Feliz Páscoa!


2 comentários:

Alberto Ferreira disse...

erramos, mentimos, traímos, caímos...
e algumas vezes levantamos.
E aí é muito bom ser humano.

Alberto Ferreira disse...

Podia ser a Malena a mulher da aula de tango né?
ahahahah.
[]s

Alberto.
http://www.degustandomemorias.blogspot.com/