Lendo os comentários deste blog que vos faz ler, deparo com o do meu querido amigo Maikon, no post sobre o Dalton Trevisan. Lá, meu dileto amigo escreve o seguinte: "a princípio falas dos bêbados e perdidos da sua cidade seja o maior paralelo se traçar ao Kuwoski. Nada além disso, ao menos é a minha primeira interpretação".
Longe de entender isso como uma crítica, ou de usar esse espaço para criticar, tal comentário me levou a pensar nos dois escritores. Seriam os bêbados e perdidos os únicos paralelos entre tal obras?
Pensando superficialmente, logo me dou conta de outros aspectos. Além das falas do "submundo" das cidades, ambos os autores desmontam a idéia de "paraíso na terra" que existe acerca de suas terras natais (Dalton em Curitiba e Bukowski em Los Angeles e todos os Estados Unidos em um geral).
Tanto a prostituta do velho Buk, de 150 quilos de um metro e meio, que peida, uiva e destroça a cama quando goza, como o Maníaco do Olho Verde que abusa de menores de idade no trilho do trem, e que no fim ainda ergue o dedo acusador contra a sociedade hipócrita e acusa: "Podem me condenar babacas e bundões. O que eu faço? Tudo o que vocês gostariam. Eu sou um de vocês.", do velho Trevisan, são personagens que desmascaram a triste realidade do American Dream ou do já citado palácio de cristal Lerneriano, na capital verde do transporte público exemplar.
A presença de anti-heróis autobiográficos também é um fato marcante. Henry Chinaski seria um irmão gêmeo desfigurado de outro pai do eterno malandro Nelsinho. A leitura nos levaria a dizer que não, haja visto os modos de vida dos dois autores sempre na esbórnia e em bebedeiras, entretanto, um participando ativamente destas, enquanto o outro sempre famoso por estar nas sombras (daí o vampiro?), apenas observando, coletando material. Entretanto, nos seus escritos realizados em uma idade mais avançada, nosso Bukowski deixa transparecer, mostrando até um certo desabafo, que era um covarde, e que não se envolveu em tantas brigas quanto deu a entender.
O obsceno também é fator constante, apesar da diferença gritante de estilo dos dois nesse quesito, vejamos Dalton:
"Nessa hora, se bem entendi, o doutor exibe o que chama de Memorial de Curitiba, com trófeus e escudos pendurados. E manda pegar - ui, que medo!
(...)
- Abre as pálpebras do olho único de Polifemo e recebe a estaca em fogo do belo forte impávido Ulisses"
(Conto Prova de Redação, do livro Macho Não Ganha Flor)
Já em Bukowski:
"Saímos cambaleando pela sala. Rasguei o vestido na gola, abri até a cintura, arranquei-lhe o sutiã. Seios vulcânicos, imensos. Beijei os dois, depois passei pra boca. Levantei o vestido, puxando a calcinha pra baixo. E meti. Comi ela de pé. Depois de gozar, joguei-a em cima do sofá. A buceta ficou olhando para mim."
(Conto Curra! Curra!, do livro Fabulário geral do delírio cotidiano: Ereções, Ejaculações e exibicionismos - Parte II)
É notável o que falo em diferença de estilo :) Obviamente as descrições do ato sexual dos dois não se resume a isso. Bukowski consegue ser mais "delicado", enquanto Dalton não se resume aos "carros do faraó" e solta um bom "caralho" nos seus contos de vez em quando.
Se eu lembrar de algo mais, eu escrevo!
(Alberto! Curitiba de novo?!?)
Longe de entender isso como uma crítica, ou de usar esse espaço para criticar, tal comentário me levou a pensar nos dois escritores. Seriam os bêbados e perdidos os únicos paralelos entre tal obras?
Pensando superficialmente, logo me dou conta de outros aspectos. Além das falas do "submundo" das cidades, ambos os autores desmontam a idéia de "paraíso na terra" que existe acerca de suas terras natais (Dalton em Curitiba e Bukowski em Los Angeles e todos os Estados Unidos em um geral).
Tanto a prostituta do velho Buk, de 150 quilos de um metro e meio, que peida, uiva e destroça a cama quando goza, como o Maníaco do Olho Verde que abusa de menores de idade no trilho do trem, e que no fim ainda ergue o dedo acusador contra a sociedade hipócrita e acusa: "Podem me condenar babacas e bundões. O que eu faço? Tudo o que vocês gostariam. Eu sou um de vocês.", do velho Trevisan, são personagens que desmascaram a triste realidade do American Dream ou do já citado palácio de cristal Lerneriano, na capital verde do transporte público exemplar.
A presença de anti-heróis autobiográficos também é um fato marcante. Henry Chinaski seria um irmão gêmeo desfigurado de outro pai do eterno malandro Nelsinho. A leitura nos levaria a dizer que não, haja visto os modos de vida dos dois autores sempre na esbórnia e em bebedeiras, entretanto, um participando ativamente destas, enquanto o outro sempre famoso por estar nas sombras (daí o vampiro?), apenas observando, coletando material. Entretanto, nos seus escritos realizados em uma idade mais avançada, nosso Bukowski deixa transparecer, mostrando até um certo desabafo, que era um covarde, e que não se envolveu em tantas brigas quanto deu a entender.
O obsceno também é fator constante, apesar da diferença gritante de estilo dos dois nesse quesito, vejamos Dalton:
"Nessa hora, se bem entendi, o doutor exibe o que chama de Memorial de Curitiba, com trófeus e escudos pendurados. E manda pegar - ui, que medo!
(...)
- Abre as pálpebras do olho único de Polifemo e recebe a estaca em fogo do belo forte impávido Ulisses"
(Conto Prova de Redação, do livro Macho Não Ganha Flor)
Já em Bukowski:
"Saímos cambaleando pela sala. Rasguei o vestido na gola, abri até a cintura, arranquei-lhe o sutiã. Seios vulcânicos, imensos. Beijei os dois, depois passei pra boca. Levantei o vestido, puxando a calcinha pra baixo. E meti. Comi ela de pé. Depois de gozar, joguei-a em cima do sofá. A buceta ficou olhando para mim."
(Conto Curra! Curra!, do livro Fabulário geral do delírio cotidiano: Ereções, Ejaculações e exibicionismos - Parte II)
É notável o que falo em diferença de estilo :) Obviamente as descrições do ato sexual dos dois não se resume a isso. Bukowski consegue ser mais "delicado", enquanto Dalton não se resume aos "carros do faraó" e solta um bom "caralho" nos seus contos de vez em quando.
Se eu lembrar de algo mais, eu escrevo!
(Alberto! Curitiba de novo?!?)
2 comentários:
sobre seu comentário no vivo na cidade:
Cara, esses tempos li uma reportagem, acho que foi no Brasil de Fato, que na Venezuela o Exército é utilizado para a construção de infraestruturas e tal. O que deve ser verdade, porém faço as minhas ressalvas, a mídia da esquerda brasileira tem um tesão mto grande por figuras ou modelos políticos como do Chavéz e "socialismo" de governo.
Eu não gosto, até mesmo que as minhas fontes de informações - a mídia anarquista venezuelana - vive apontando as práticas de perseguições, ameaças e criminalizações, sendo o exército o responsável ou a polícia.
Outro detalhe é a estrutura do Exército que é de uma rigidez estúpida, um apelo a uma "ordem", "pátria", "autoridade" e vai gostar de poder assim na caixa do caralh*.
O gosto do poder é uma lembraça da fala do Wilson Oliveira Neto, que comentou da sempre presente participação do Exército Brasileiro na história política brasileira.
Hoje não é diferente, tá aí o Exército Brasileiro coladinho no governo petista para evitar abertura dos arquivos da ditadura militar, a revisão da lei de anistia para o carrascos fardados e até mesmo lançando comentários dignos de assustar figuras nem tão democráticas.
abraço
maikon k.
Cara.
Eu fiz o comentário tendo como base dois livros do Dalton, que sairam pela LP&m, na separação de bens da minha primeira namorada acabaram ficando na minha casa. Mais uma razão para ela odiar o Mendigo que escreve.
As minhas leituras do velho Bukowski é de maior profundidade. Os contos, as poesias, os romances e as crônicas estão espalhas na minha estante e as leituras foram feitas desde 1999, quando o velho escroto passou ser "cultuado" no cenário punk-hardcore, especialmente, nos zines. Punk é foda, quando resolve ler e escrever zine, a referência é um babaca como Bukowski.Olha, to sendo bem odioso com a figura do autor, o que não desclassifica a validade dos seus escritos. O Matheus odeio quando faço isso, mas ele não deve entender as minhas críticas.
Escrevi até aqui para sustentar que não tenho base de leitura dos autores, somente o velho escroto da gringa li com mais profundidade.
Penso que vc tem razão ao afirmar que a relação em comum entre o submundo seja interessante parelelo, acrescento, que seja o suficiente. Ambos viveram a mesma época, apesar do Dalton insistir viver. O mundo oficial, da política "legalzona" para a vida das pessoas demonstra que um submundo é criado, não por má fé das pessoas, mas por conta das estruturas políticas, econômicas, culturais e sociais, agindo fortemente, levando mulheres ou caras para a condição de prostituição, a bebedeiras nas ruas, aos roubos e afins...O que não vale o argumento de que as tristezas de hoje sustentadas por desigualdades são "boas" para a literatura, como fez Ferreira Gullar, ao falar da Ditadura Militar.
Filipe, a cultura blogueira daqui, ou de pessoas que passaram por aqui, precisam de conversas e discussões. Vamos que vamos.
Abraço
Maikon k.
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