terça-feira, 28 de abril de 2009

Eu, Orwell, instituições, drogas e minha mãe.

Estava a pensar dias atrás de onde vem esse meu jeito meio "torto" de pensar. Meus pais não tem como qualidade principal o pensamento libertário, entretanto, não podem também ser chamados de conservadores, é uma palavra pesada... Me lembrei então de uma das minhas primeiras leituras "subversivas". Foi aos 11, 12 anos de idade. Minha mãe, na ânsia de despertar em mim o gosto da leitura, me entupia (no bom sentido) de livros infanto-juvenis, e entre eles, um dia ela me apresentou um chamado "A Revolução dos Bichos":

- Olha filho, é um livro onde os bichos de uma fazenda falam, andam em pé, e mandam o dono embora...

Se ela soubesse o que ia plantar na minha cabeça... Apesar de que hoje sei que ela tem muito orgulho de mim. Entretanto, voltando ao livro, li e gostei. Tanto gostei que li e reli incontáveis vezes, e conforme crescia e amadurecia, entendia o que realmente queria dizer o livro, que ia muito além dos bichos falantes. Certo tempo depois, notei nas estantes da minha casa, outro livro do George Orwell, o 1984. E a edição era de... 1984! Nada a ver com a história, mas enfim... Li 1984, e gostei ainda mais, pois já era um pouco mais velho, e este não era tão "inocente" como o outro, sem bichinhos falando, era mais direto no que o velho Orwell queria retratar.

Com isso, idéias foram amadurecendo na minha cabeça, outras fora entrando, ganhando espaço, e assim a coisa foi. Hoje, entendo o porque tenho certo asco contra instituições, e e aí que começa o que realmente queria escrever hoje.

Vendo hoje alguns trechos do Jornal do Almoço, estava uma discussão sobre a marcha da maconha, e a possível liberação desta. É estranho como o Estado assume a chancela das proibições e liberações cabíveis aos cidadãos. Assim como era contra o desarmamento, sou a favor da liberação da maconha. Não que eu queira comprar uma Magnum, e com um baseado na boca ficar bem louco e garantir a minha segurança pessoal na bala, mas não creio que seja papel do Estado se intromenter e restringir o acesso das pessoas ao que elas desejam. É tão ridículo quanto o tal do "toque de recolher" imposto em Fernandópolis (SP). Reduz a violência? Reduz. Mas e a liberdade das pessoas? É só lembrar que em ditaduras, a violência urbana cai a praticamente zero, assim como é na China e em Cuba.

A liberação da maconha entretanto, não poderia ser como na Holanda, onde é parcialmente liberada. Não existe liberdade parcial. Ou as pessoas são livres para fazer ou não são. Isso é tão absurdo quanto o cara que declarou no Jornal do Almoço que é contra a maconha por ela ser uma "erva alucinógena". Fiquei imaginando a cena:

- E aí cara, tem unzinho?
- Tenho.
- Dá uma bola?
- Pega aí!
(fssssss...)
- Pô, do bom... AAAAAAAAAAAHHHHHHH!!! UM DRAGÃO! CORRAM PELAS SUAS VIIIIIDAAAAS!!!
- ...
- Será que o dragão tem mais unzinho pra gente queimar?


2 comentários:

Douglas Neander disse...

porra! auhahuahua...

terminei de ler a revolução do bichos ontem.

Maikon K disse...

Olha, Orwell é fodástico.
Eu comecei pelo 1984, livro referência no cenário punk-hardcore, para tu ter idéia. A banda inglesa Crass terminou a banda em 1984 por conta do livro e se não to enganada a contagem de seus discos seguia até chegar no número 1984.

Eu tenho e li outros livros dele, ainda faltam mtos, que nos últimos anos finalmente foram editados no Brasil.

O meu sonho de "consumo" era escrever com Orwell,Kropotkin, John Steinbeck e Allen Ginsberg....

abraço
maikon k