segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Religious Anarchism

"Esse outono será marcado pelo lançamento de um projeto-livro que reúne doze pessoas que tem tanto o anarquismo como a fé religiosa como partes significantes de suas identidades. Anarquismo Religioso: Novas Perspectivas apresenta anarquistas das tradições Cristã, Budista, Muçulmana e Taoísta, cujos ensaios “fornecem um esboço da história de algumas das principais correntes do pensamento anarco-religioso e desenvolve novas perspectivas sobre questões centrais ao anarquismo, incluindo resistência, luta e experimentação contra-cultural; desprendimento político, etnocentrismo e formação de comunidades.”(Ruth Kinna, Palestrante em Política, Universidade de Loughborough; editor da Anarchist Studies). "

A resenha acima (completa) está neste site aqui.

Para quem se interessar, tem um pedaço do livro aqui, que inclui índice, prefácio, introdução e um trecho do primeiro capítulo. Está em inglês, e pra esse, não prometerei a tradução tão cedo, por conta de tempo, coisa que anda escassa.

O livro parece ser muito bom. Estou aceitando como presente, pode ser até de Natal adiantado ;)

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Amigos!

É difícil algum dia que passe no qual eu não pense em meus amigos. Talvez não todos eles todos os dias, mas praticamente... Agora, nesses tempos em que a Roda da Vida me condicionou a um afastamento, a importância deles para mim se ressalta, assim como a saudade e a nostalgia.

Marquito e suas correrias, seus atrasos, suas enroladas. Seu coração imenso e atrapalhado. Quando penso nele, penso em passeios suicidas de carro, mesas de Jangas, Juarezes, Zepellins, com pilhas (e pilhas!) de garrafas de Brahmas, Antarcticas e, em algum cantinho, algumas Franciscaners, porque todo mundo já foi rico por um dia.

Alemão e o eterno ensinar. Quando ele aprendia, ele não deixava transparecer, mas eu sabia que tinha entrado alguma coisa naquela cabeça dura. Longas experiências, conversas, noites de xadrez (cheeeess!), rock'n'roll dos anos 60 e 70, e uma abertura de corações dificilmente encontrada.

Alberto e seus conselhos. Muitas vezes não ouvidos, mas dados mesmo assim. Noites de riso, de mesa, de cerveja. De feijão frio com catchup na larica da bebedeira. Uma cama improvisada, mas aconchegante, um sorriso, um abraço, por vezes um irmão, por outras um pai (dado a idade dele, lógico, haha).

Douglas e suas confusões. Mas acima disso, o Douglas pra mim é música! É um tempo bom que não volta mais. Ele e seus sonhos, suas fugas, suas cagadas. Mas e quem consegue ficar brabo com ele mais de dois dias?

Débora e a alegria. Os risos, a idiotice, as partidas de War, filmes, Chico, Los Hermanos, tardes de sol no Sandubom, uma irmã que não nasceu da minha mãe. Arrumou um marido barbudo e muito gente boa. Eu já falei da cerveja aqui? Hahaha...

Josenita (filha do seu José e da dona Anita) e a doçura. O carinho extremo que por muitas vezes não soube reconhecer. O companheirismo mudo, mas sempre presente, a eterna disposição para tudo. Uma pessoa que merece toda a felicidade desse mundo.

Maikon e o mau humor. Senso de justiça, luta. Companheiro para discussões, conversas, que mostrou (e ainda mostra) uma evolução fantástica, que apesar de tomar na cara, não desiste, levanta, dá um jeito aqui, um jeito ali, sem "jeitinho". Pensar no Maikon me faz pensar em The Clash, em tardes no DCE, em comida de soja, haha!

Cibele. Uma amiga que a vida transformou em companheira, esposa, mulher. Ela cabe aqui pois as vezes mesmo estando na mesma casa, mas em cômodos diferentes, já sinto saudades. O carinho, a paciência, o companheirismo. As broncas, os bicos, os olhos cheios de vontade de viver. A pessoa que talvez mais me conheça. Aguentou muita coisa ao meu lado, coisas que fariam outras pessoas correr, ir embora, mas ela ficou, aguentou, e me apoiou. E dorme de um jeito tão fofo...


Meus amigos. Todos vocês participaram da construção deste homem confuso que hoje aqui escreve. A todos vocês, não importa quando e onde, sempre estará disponível aqui "as mãos e o coração livres e quentes, chimarrão e leveza", como diria o Humberto Gessinger.

Amo vocês!

terça-feira, 15 de setembro de 2009

"Desejamos uma feliz crise e um ótimo medo novo!"

Meu amigo do Akeldama, o Cris, me enviou também um artigo de sua autoria sobre os movimentos que vem ocorrendo na Grécia desde dezembro do ano passado. É um tanto longo, mas vale a pena a leitura. Para quem não faz a mínima idéia do que estou falando, ao ler o texto, entenderá.


"Desejamos uma feliz crise e um ótimo medo novo!"*
Um pós-escrito sobre as manifestações de dezembro em Atenas.

[publicado no “Anarchist Studies journal, vol.17, no.1, 2009”]


No dia 6 de dezembro um policial atirou e matou um menino de 15 anos em Exarchia, uma região de Atenas muito conhecida por suas raízes libertárias. Dentro de poucas horas a cidade toda estava sendo incendiada por hordas de manifestantes furiosos, cujos alvos era de significância anti-capitalista, anti-estatal e anti-comercial: bancos, revendas de carros, megalojas, delegacias, e até mesmo a gigantesca árvore de Natal na praça Syntagma. As manifestações continuaram por quase três dias, com o conflito entre os manifestantes e as forças de repressão tomando lugar nas ruas entre prédios em chamas e barricadas.

Muitos tentaram achar um paralelo entre essas manifestações e os eventos recentes nos subúrbios franceses ou até mesmo nos eventos de Maio de 68. Apesar de as causas e razões de tais surtos pareçam ser bastante similares, o caso de Atenas deve ser enxergado separadamente pela diferença em um ponto básico: Os que participaram nos ataques de Atenas não foram somente estudantes universitários, trabalhadores ou imigrantes. Eram todos dos grupos citados, mas ainda mais: alunos de escolas, burgueses de meia idade, pessoas com ou sem um background ou uma consciência política – todos fartos das altas taxas de desemprego, pobreza, assassinatos do Estado, repressão e violência; com os padrões de vida e com o isolamento urbano. Além disso, a persistência de muitos academicistas – veteranos dos conflitos de 68 – em comparar negativamente os dias atuais aos deles, e ao demonstrar uma posição elitista ante aos manifestantes, causou uma reação furiosa, expressada em slogans aparentemente apolíticos como “Foda-se o Maio de 68 – Lute Agora!” ou “Vocês destruíram nossas vidas, nós iremos destruir tudo!”

Que conclusões podem ser tiradas das manifestações e qual é o significado desta mobilização para o movimento radical Grego?

Primeiramente, há uma questão de definição. Revolução ou Revolta? Como colocou Max Stirner, revolução é um processo iconoclasta guiado pelo desejo de substituir velhos “ídolos” por outros novos. Em contraste, através da revolta, o “eu” das pessoas está tentando recuperar tudo o que lhe foi roubado. Deste ponto de vista esses dias incendiários de dezembro não foram uma revolução, mas pura revolta. Essa conclusão nos leva a um ponto de crítica duplo – que é a significância interna e externa desses dias para os radicais da Grécia.

O componente interno tem a ver com o movimento em si. Faz muito tempo desde que ativistas anarquistas, anti-autoritários e autônomos foram elogiados por “cidadãos de bem” e por uma porcentagem significante da opinião pública. Parece que as partes mais duras e radicais da vida política grega renovaram suas obrigações com a sociedade, a despeito da constante e negativa propaganda estatal. Somado a isso, todas as marchas, assembléias, e ações alternativas em geral que aconteceram em nome desta revolta geraram novas expectativas e responsabilidades. Faz tempo que facções radicais lidam com lutas anti-capitalistas e anti-estado, de formas mais consistentes e organizadas – além da violência.

O componente externo preocupa em relação à emancipação dos movimentos da custódia da esquerda institucionalizada. Comunistas ortodoxos assim como euro-comunistas e o restante da esquerda alternativa, mas institucionalizada, foram totalmente incapazes de tomar o controle desta extensa ação. Suas ferramentas “científicas” marxistas de análise histórica não puderam prever nem explicar o orgasmo revolucionário que atingiu Atenas (e muitas outras cidades gregas). Como resultado, o Partido Comunista Grego começou a falar sobre os provocadores que sabotaram os objetivos da classe trabalhadora, enquanto a Liga Radical de Esquerda está fazendo declarações ambíguas, com o propósito de ganhar o máximo possível de votos nas próximas eleições.

A revolta recente de Atenas tem muito a ensinar a cada movimento social radical europeu – e não apenas europeu – sobre ação direta, sem porta-vozes e representantes, e que irão constituir o primeiro passo contra o capitalismo e o Estado, sem esquecer a sua abolição. Afinal de contas, como disse Errico Malatesta: “Não alcançaremos a anarquia hoje, nem amanhã, nem em dez séculos. Caminhamos para a anarquia hoje, amanhã, sempre...”

Christos Iliopoulos




*O título em inglês seria "We Wish You a Merry Crisis and a Happy New Fear". No português, o trocadilho perde o sentido.

domingo, 13 de setembro de 2009

"a verdade vos libertará" [Jo 8:32]

Meus amigos do Akeldama enviaram pra mim o mais novo manifesto deles. Reproduzo-o abaixo, devidamente traduzido:


"a verdade vos libertará. [Jo 8:32]"


Como anarquistas cristãos nós não queremos uma edição “cristã” do anarquismo, nem uma “anarquista” do cristianismo. Ao invés disso, tentamos trazer as dimensões políticas do Evangelho e da tradição cristã teológica. Essas dimensões são, para nós, de um caráter anti-autoritário e de uma visão fortemente crítica em respeito a qualquer ideal estatal-utópico. Esse entendimento vem de:

[A] A mensagem messiânica do Apocalipse. Onde qualquer discriminação, qualquer dominação, qualquer moralismo dualista são cancelados em uma comunidade constituída pela obediência ao chamado de Cristo pela unidade sem fim através do amor ilimitado.

[B] A tradição teológica patriótica. Que é a interpretação dos pais da Igreja da mensagem messiânica dos Evangelhos, a fim de proteger a liberdade messiânica da Igreja do domínio do Estado sobre ela. Os seus cuidados pastorais nos deixaram monumentos teológicos, especialmente sua antropologia e sua eclesiologia, de grande importância para o entendimento da liberdade, tanto num contexto social como um feito pessoal. Também, seus pensamentos e práticas deixaram traços, ilhas de luz, sobre o corpo das práticas diárias na vida de uma igreja e de uma sociedade enlouquecida por uma “árvore de conhecimento”.

[C] A tradição asceta. Embora o ascetismo cristão tenha suas origens de movimentos dualistas pré-cristãos, sua motivação (a reação contra a institucionalização da Igreja no Império Romano e a preservação da integridade messiânica) e seu caráter cristão lhe deram uma forte perspectiva crítica contra qualquer poder (dentro e fora da Igreja) – como uma espécie de consciência eclesiástica. Essa longa tradição deixou um tesouro de traços tanto na literatura como na experiência comum.

Ambos os acima criticam a utopia de um estado “salvador” e seus pilares: direito civil, sistema monetário e a sociedade burguesa. O que procuramos é por (a) uma documentação daquele corpus teórico, assim como (b) a interpretação daquele conhecimento empírico, e a realização de todos esses em nosso pós-moderno, mas realmente ainda antigo mundo.

Todo esse esforço não é uma simples expedição acadêmica, mas vem de nosso amor pessoal pela atualidade do Corpo de Cristo (Ecclesia-Mundo) e começa a partir de nossa experiência pessoal da comunhão de seu Corpo (Ecclesia-Vida).



quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Medo

Deu hoje no Estadão: "Lula institui dia da 'Marcha para Jesus'".

Não sei o que é mais intrigante nessa reportagem:

- Lula orando;

- Casal Hernandez de volta ao Brasil todo serelepe;

- O Michel Temer (suposto satanista) num evento desses;

- A merda que o governo tem que institucionalizar uma marcha que lembra os dias que antecederam a ditadura.


Isso me revolta. Realmente me deixa puto!

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Post matinal (matinal até demais)

Passou ontem no Jornal da Globo o Lula falando sobre o pré-sal: "é uma dádiva de Deus". A Cibele, rápida que só ela, engatou: "ah, é o Nilo agora..."

Eu não podia perder esta, haha.

Agora são exatamente 06:24 da manhã, começo hoje em um emprego novo, numa fase nova. Animado que só!