quarta-feira, 12 de maio de 2010

Velho safado e o Peplo

Após as últimas postagens com notícias da Grécia, a maior leitora e fã desse blog veio e me disse: "Filipe, a gente sempre vai lá pra ler aquelas histórias de bebedeiras e tal... Acabou com o blog! Esse tipo de coisa é pro Peplo!"
Como sempre, eu não soube lidar com a crítica e não dei o braço a torcer, mas é verdade. Para tentar reparar isso, vos deixo com três poemas do velho safado, o Bukowski.
Obviamente, tenho ciência de que não é um bom e velho post do Campelo, ou qualquer coisa que o valha, mas são poemas que me fizeram pensar, ou me fizeram relembrar determinada época de minha vida, então compartilho com vocês.
Notícias, a partir de agora, só no Peplo. Aqui, apenas divagações, histórias e bobagens.

Cerveja

Cerveja


Não sei quantas garrafas de cerveja
consumi enquanto esperava que as coisas
melhorassem.
Não sei quanto vinho, whisky
e cerveja,
principalmente cerveja
consumi depois
de ter rompido com uma mulher
esperando que o telefone tocasse
esperando o som dos passos,
e o telefone não toca
senão muito mais tarde
e os passos não chegam
senão muito mais tarde.
Quando o estômago me sai
pela boca,
elas chegam frescas como flores na primavera:
- “que fizeste, caralho?
levará três dias até que possa me comer”.
Uma fêmea dura mais
vive sete anos e meio mais
que o macho, e toma muito pouca cerveja
porque sabe que faz mal para a
silhueta.
Enquanto ficamos loucos
elas estão fora
dançando e rindo
com caras divertidos.
Bem, há cerveja
sacos e sacos de garrafas vazias de cerveja
e quando se ergue um
o fundo se rompe
e as garrafas caem
rodando
se batendo
derramando cinza úmida
e cerveja velha
ou os sacos caem às 4
da manhã
produzindo o único som em sua vida.
Cerveja
rios e mares de cerveja
cerveja, cerveja, cerveja.
O rádio toca canções de amor
enquanto o telefone permanece em silêncio
e as paredes se fecham
e cerveja é tudo o que há.

Verdade

Uma das melhores linhas de Lorca
É,
“agonia. Sempre
agonia”
Pense nisso quando
Matar uma
Barata ou levantar uma navalha
Para
Se barbear
Ou quando despertar de manhã
Com
A cara ao
Sol.

Como ser um grande escritor

Tens que comer muitas mulheres
belas mulheres,
e escrever alguns poucos poemas de amor decentes
e não te preocupe com a idade
e com seus talentos.
Só beba mais cerveja, mais e mais cerveja.
Vá ao hipódromo ao menos uma vez
por semana
e ganhe
se for possível.
aprender a ganhar é difícil,
qualquer idiota pode ser um bom perdedor.
e não esqueças teu Brahms,
teu Bach e tua
cerveja.
não te cobres.
durma até o meio dia.
evite os cartões de crédito
ou pagar qualquer coisa a prazo.
dê-se conta de que não há um pedaço de rabo
neste mundo que valha mais que 50 dólares
(em 1977).
e se tens capacidade de amar
ame-se a ti mesmo primeiro
mas seja sempre consciente da possibilidade
da derrota total
seja por boas ou más razões.
um sabor tardio da morte não é necessariamente
uma coisa ruim.
pule fora das igrejas e dos bares e dos museus
e como as aranhas, seja
paciente,
o tempo é a cruz de todos.
mais
o exílio
a derrota
a traição
toda essa merda.
fique com a cerveja,
a cerveja é sangue contínuo.
uma amante contínua.
agarre uma boa máquina de escrever
e enquanto os passos vão e vêm
mais além de tua janela
dê duro nessa coisa,
dê duro.
faça disso uma luta de pesos pesados.
faça como o touro na primeira investida.
e lembre-se dos cachorros velhos,
que lutaram tão bem:
Hemingway, Celine, Dostoievski, Hamsun.
se acredita que não enlouqueceram em casas minúsculas
como tu estás passando agora,
sem mulheres
sem comida
sem esperança...
então não estás pronto
tome mais cerveja.
há tempo.
e se não há,
está bom
igual.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Grécia

Pessoas que aqui lêem;
como acho que a maioria sabe, a coisa na Grécia tá o caos. Tentando fugir da mídia oficial, vou tentar (na medida do possível) publicar aqui notícias que eu recebo, numa tentativa muito longínqua de dar suporte às manifestações e ao movimento todo que está acontecendo por lá.
Os dois posts abaixo já são referentes a isso, e ao acontecimento que vitimou fatalmente três pessoas que estavam presas em uma agência bancária atingida por um coquetel molotov.

O que temos a dizer...

[O texto a seguir resume alguns pensamentos iniciais sobre os trágicos eventos de quarta de alguns de nós aqui da Occupied London [After the Greek Riots] Seguem versões em inglês e grego [e agora português] – por favor, espalhem.]

O que temos honestamente a dizer sobre os acontecimentos de Quarta?
O que os eventos de quarta-feira (5 de maio) significam honestamente para o movimento anarquista/anti-autoritário? Como encaramos a morte dessas três pessoas – independentemente de quem tenha causado? Onde nos posicionamos como humanos e como povo na luta? Nós, que não aceitamos coisas como “incidentes isolados” (da polícia ou brutalidade estatal) e que apontamos o dedo, em uma base diária, para a violência exercida pelo Estado e pelo sistema capitalista. Nós, que temos a coragem de chamar as coisas pelo nome, nós que expomos os que torturam imigrantes em quartéis da polícia ou aqueles que brincam com nossas vidas de dentro de escritórios luxuosos e estúdios de TV. Então, o que temos a dizer agora?
Poderíamos nos esconder atrás da declaração emitida pelo Sindicato dos Bancários (OTOE) ou das acusações dos empregados do setor bancário; ou poderíamos dizer que o fato foi que os mortos foram forçados a ficar em um prédio sem proteção contra incêndios – até mesmo trancados. Poderíamos culpar a escória do Vgenopoulos, o dono do banco; ou o quão esse trágico incidente será usado para lançar uma repressão sem precedentes. Qualquer um (que ousou) passar por Exarchia na quarta a noite teve uma idéia clara disso. Mas não é essa a idéia.

A idéia para nós é enxergar que a divisão da responsabilidade recai em nós, em todos nós. Somos todos responsáveis juntos. Sim, estamos certos em lutar com todas as nossas forças contra as medidas injustas que nos são impostas; estamos certos em dedicar toda a nossa força e criatividade para um mundo melhor. Mas como seres políticos, somos igualmente responsáveis por cada uma de nossas escolhas políticas, pelos meios que temos proporcionado e pelo nosso silêncio cada vez que não admitimos nossas fraquezas e nossos erros. Nós, que não agradamos o povo para ganhar votos, nós que não temos interesse em explorar ninguém, temos a capacidade, sob essas trágicas circunstâncias, de sermos honestos com nós mesmos e com os que estão ao nosso redor.

O que o movimento anarquista grego está experimentando no momento é um torpor total. Porque há condições de pressão para alguns pensamentos de auto-crítica que vai machucar, Diante do horror do fato de que as pessoas que morreram estavam do “nosso lado”, o lado dos trabalhadores – trabalhadores que estão em condições de extrema dificuldade que possivelmente teriam escolhido a possibilidade de marchar ao nosso lado se as coisas fossem diferentes em seu local de trabalho – além disso, são também confrontados com passeatas que colocam a vida das pessoas em perigo. Embora (e isso é inquestionável) não houvesse a intenção de matar, esse é um problema essencial que pode gerar muita discussão – alguma discussão a respeito dos alvos que temos e os meios que escolhemos.

O incidente não aconteceu à noite, em alguma ação de sabotagem. Aconteceu durante a maior passeata da história grega contemporânea. E aqui, uma série de questões dolorosas aparecem: em uma passeata de 150.000 a 200.000, sem precedentes nos últimos anos, há realmente a necessidade de alguma violência “a mais”? Quando você vê milhares gritando “queime, queime o Parlamento” e xingando os policiais, outro incêndio em banco tem algo mais para realmente oferecer ao movimento?

Quando o movimento por si só se torna de massas – como o de dezembro de 2008 – o que uma ação pode oferecer, se essa ação excede o limite do que uma sociedade pode aceitar (ao menos no momento atual), ou se essa ação coloca vidas humanas em risco?

Quando saímos às ruas, somos um com as pessoas ao nosso redor, estamos próximos a elas, ao seu lado, com elas – é por isso, que ao fim do dia, o porque de trabalharmos como jumentos escrevendo textos e posters – e nossas próprias cláusulas são o simples parâmetro no muito que converge. Chegou a hora de falarmos francamente sobre violência e examinarmos criticamente a cultura de violência específica que está se desenvolvendo na Grécia nos últimos anos. Nosso movimento não tem se fortalecido por conta dos meios que às vezes usamos, mas mais por conta da nossa articulação política. Dezembro de 2008 não se tornou histórico somente porque milhares pegaram e atiraram pedras e molotovs, mas principalmente por conta de suas características políticas e sociais – e nesse nível, seu legado é rico. É claro que respondemos à violência exercida sobre nós, e assim somos chamados para ao invés de falar sobre nossas escolhas políticas assim como os meios que temos assumido, reconhecendo os nossos limites – e os deles.

Quando falamos de liberdade, isso significa que a cada momento duvidamos do que ontem tínhamos por garantido. Que nos atrevemos a ir até o fim e, evitando alguns clichês políticos, olhar as coisas diretamente nos olhos, como elas são. Está claro que desde que não consideramos a violência como um fim nela mesma, não podemos deixar que ela lance sombras nas dimensões políticas de nossas ações. Não somos assassinos nem santos. Somos parte de um movimento social, com nossas fraquezas e erros. Hoje, ao invés de nos sentirmos fortes depois de uma passeata tão grandiosa, nos sentimos estarrecidos, para dizer o mínimo. Isso fala por si. Devemos tornar essa experiência trágica em uma busca interna e inspirar outra no fim do dia, agindo todos com base em nossa consciência. E o cultivar de tal consciência coletiva é o nosso suporte.

Occupied London

Para os que usam as mortes na Grécia...

Acabei de ouvir sobre os terríveis eventos e estou chocado. Eu acho que é muito bom que o [Blog] After the Greek Riots honre os três mortos e publique a retratação.

Para todas as pessoas, especialmente aquelas que comentam aqui, que usam a morte de três seres humanos para dar vazão aos seus discursos de ódio contra anarquistas, perguntem a si mesmas o seguinte: você já reagiu dessa maneira quando algum imigrante é espancado ou/e até mesmo assassinado pela polícia de Atenas? Você já reagiu assim quando outra dezena ou centena de civis morrem no Iraque, ou Afeganistão ou em qualquer outro lugar desse mundo? Você posta comentários cheios de ódio nas páginas da mídia oficial, pelas dezenas de centenas de pessoas que são mortas por um sistema de poder global econômico irracional em uma contagem diária?
Não? Então talvez você devesse calar a boca e começar a pensar... A não ser que realmente aprove o estado que o mundo se encontra, pois isso lhe proporciona uma TV colorida, um carro, casa própria e bananas baratas. E tudo isso somente pelo preço de ter que olhar para todos os seres humanos como competidores e ameaças em potencial!

Para todos os anarquistas e camaradas de esquerda radicais:

Enquanto não sabemos quem atirou o molotov, devemos definitivamente lutar contra a campanha midiática e política que aponta o dedo ao povo que luta contra sua miséria, devemos também ser bravos o suficiente para admitir que possivelmente foi "um de nós".
Todos os que estão envolvidos em lutas militantes de massa sabem que sempre há a possibilidade de uma tragédia como essa acontecer. Desde que não somos um partido nem qualquer tipo de instituição - e uma revolta popular nunca vai ser - não podemos nunca controlar totalmente a situação. Qualquer um pode causar esse tipo de dano com uma demonstração violenta: agentes de polícia provocadores, fascistas, hooligans, cidadão raivosos ou anarquistas de cabeça quente.

Mesmo que isso tenha sido feito por agentes do Estado ou das classes de cima, nós como anarquistas propiciamos o meio necessário! Não vamos negar isso. Exatamente porque aprendemos enquanto lutamos, exatamente por não querermos ser como um partido, como o Estado e as classes dominantes, como os fascistas, temos que ser honestos, humanos, autocríticos e ainda assim determinados.

Então, é tempo de pensar no que podemos fazer para minimizar o risco e prevenir os danos e até, como agora tragicamente aconteceu, a morte de pessoas não envolvidas.
Enquanto para mim está tudo bem em usar molotovs contra a polícia ou em ações planejadas, deve haver um consenso de não usá-los contra prédios nos quais:

a) Possam haver pessoas;

b) O fogo possa se espalhar para outros edifícios que não tem a ver, como casas residenciais. E todos sabemos que lojas com apartamentos residenciais em cima são atacadas em ações na Grécia hoje e sempre;

Atacar um banco, a loja de uma grande companhia, etc.; é sempre um ato simbólico e deve ser encarado como tal.

Usem pedras, tintas, entrem e destruam tudo se houver a possibilidade. Se usarmos fogo, não podemos controlar o desenrolar, e a mídia e os políticos ficarão felizes em poderem nos retratar como hooligans psicopatas e o simbolismo é o mesmo de qualquer maneira.

Juntar a isso o poder do fogo não vale arriscar a integridade de seres humanos.

Dito isso, toda a minha solidariedade vai aos amigos e camaradas anarquistas e de esquerda radicais na Grécia e todas as pessoas em qualquer lugar que lutam por um mundo livre do capitalismo e cheio de cooperação mútua, no qual a liberdade individual e coletiva são uma só, repletas de vida para todos, é o objetivo da sociedade!

L.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Para Alberto:

Meu caro amigo, achei o pedaço da música que queria lhe falar aquele dia:

"Não me peça que eu lhe faça
Uma canção como se deve
Correta, branca, suave
Muito limpa, muito leve
Sons, palavras, são navalhas
E eu não posso cantar como convém
Sem querer ferir ninguém...

Mas não se preocupe meu amigo
Com os horrores que eu lhe digo
Isso é somente uma canção
A vida realmente é diferente
Quer dizer!
A vida é muito pior..."

Belchior - Apenas um rapaz latino-americano.


Alberto, um grande abraço, cada vez que te reencontro, é uma grande alegria!

quinta-feira, 8 de abril de 2010

E tem...

... nova postagem no Peplo!

É a tradução de um artigo do Jesus Manifesto.


Leiam!

sexta-feira, 26 de março de 2010

Redenção

Porra, que vontade. De beber, cair a noite carreira adentro, ao longo da longa linha branca da lateral do campo. Vontade de sentar num bar, pedir uma boa cerveja e uma dose de whisky (duas pedras em um copo baixo!).

Vontade de curtir, fazer o que se deve e o que não se deve, para então deitar e passar uma noite angustiante, agoniante, deitado na cama, rolando de um lado para o outro, suando, pensando, chorando, pedindo a Deus numa agonia estúpida que me deixe são, “só essa vez!”, é o gemido estúpido e patético, não por ser dirigido a um Ente Superior, mas por não agüentar o rojão, por achar que pode. Agonia o acordar kafkiano nas horas seguintes, agonia a sensação de culpa, pecado e erro.

Isso, quando não se passa algum tempo ajoelhado perante o altar do imbecis, a privada. Bom ainda quando é em casa, você sabe quais bundas e pintos passaram por ali, mas se bem que, a essas alturas do porre, que diferença faz onde é, que privada é, pois oras, pra que dignidade? Afinal de contas, ainda é melhor abraçar privadas estranhas e indignas do que amigos que no momento de dificuldade somem, omitem-se, ou pior ainda, são indiferentes. E, mesmo tempos depois, passado os períodos ruins, não conseguem mais ser vistos como “amigos”. Talvez conhecidos, parceiros de algum churrasco inócuo, ou um chopinho sem vergonha e descompromissado, onde não há mais a cumplicidade muda e silenciosa de outrora. Mas também, a roda gira, e como diria o velho Gabo num grito desesperado: “os amigos são todos uns filhos da puta”, afinal de contas. Não fui eu o filho da puta primeiro?

E então, após algumas horas de agitação inconsciente, acorda-se. Se o nariz permite, sente-se o cheiro acre do suor e do álcool velho. Toma-se um banho, esfrega-se com o sabonete uma, duas, três vezes, com shampoo, com força, com agonia. Mas o cheiro persiste e fica, e junto com os olhos embaciados, o maxilar inquieto e os nós dos dedos rebeldes, denuncia a noitada. Noitada essa em que se pensa ser o rei, mas ela tem uma rainha, vestida de branco, que se estica languidamente, e desmanda os seus caprichos.

Cabe a cada um dar o xeque-mate.

Tempos depois, quando já recuperado e fora do circuito, quando batem essas vontades, o raciocínio é mais lógico (ou seria mais emocional, com um real amor-próprio? Há uma separação verdadeira entre razão e emoção?), e a visão é menos turva, e você se enxerga, e enxerga os demais; vê aqueles que te condenavam, que cochichavam seus defeitos e erros a alta voz em rodas de bar; e esses demais estão eles perdidos. Jogando e gastando suas forças criadoras, sua vontade, seu parco dinheiro, em noites intermináveis, longas, por vezes desnecessárias e vazias.
Porém, ao chegar o fim de cada dia, de uma nova vida e uma nova concepção de vivência, havemos de lembrar de Dostoiévski (o velho Fiódor!), e suas palavras finais em Crime e Castigo, quando encontramos Raskólnikov na prisão:

“Ele nem sequer sabia que a vida nova não lhe seria dada gratuitamente, mas que ainda teria de comprá-la caro, pagar por ela uma grande façanha futura...
Mas aqui começa já uma nova história, a história da gradual renovação de um homem, a história do seu trânsito progressivo dum mundo para outro, do seu contato com outra realidade nova, completamente ignorada até ali. Isto poderia constituir o tema duma nova narrativa... mas a nossa presente narrativa termina aqui.”

Se Dostoievski diz que terminou, quem sou eu para contradizer?

segunda-feira, 22 de março de 2010

Galeano.

Ontem, antes de dormir, me coloquei a ler algumas coisas do Eduardo Galeano. Nas minhas viagens, pensei nesse pequeno texto que segue abaixo.

Entretanto, qual não foi minha surpresa agora ao abrir o blog e dar de cara com isso.

Segue o texto:


"O menino nascera cego, mas enxergava sempre através do pai. Certo dia, lá pelos 11,12 anos, o menino ouvira falar na escola sobre as cores e, curioso como toda criança, chegou em casa e perguntou:
- Pai, o que é amarelo?
O pai, vendo ali uma oportunidade de ensinar, disse ao filho:
- Vamos fazer um piquenique, lá vou lhe ensinar sobre as cores.
Animados, partiram os dois para um bosque nas cercanias da cidade onde moravam. Ao chegar em tal lugar, estenderam uma toalha no chão, em um lugar ensolarado.
- Filho, está sentindo o calor do sol?
- Sim pai!
- Isso é amarelo.
Logo depois, o pai levou o menino até um ribeirão manso que corria ali, e fez o menino entrar na água tépida, que corria preguiçosamente:
- Está sentindo a água? Isso é azul.
Quando saíram do ribeirão, os pés do menino tocaram a grama:
- Sente a grama debaixo dos seus pés filho? Isso é o verde.
Felizes e se sentindo bem, os dois sentaram novamente na toalha e começaram a comer.
- Pai?
- Sim filho?
- E o vermelho pai? Como é?
Após pensar por brevíssimos instantes, o pai responde:
- Dá a mão filho.
O pai pegou o polegar do filho e, com a faca, abriu um pequeno talho no dedo do garoto, que instintivamente puxou a mão para si e, com seus olhos vazios, mirou o pai de maneira inquisitiva:
- Pai! Por que isso?
- Está sentindo o sangue que está saindo de seu dedo?
- Sim pai – o menino mostrava sua tristeza e parecia realmente não entender nada.
- Então filho, isso é vermelho. É do que somos feitos, é a nossa vida. E muitas vezes, para senti-la plenamente, mais do que alegria, é necessário um pouco de dor."

terça-feira, 16 de março de 2010

Muito oportunamente...

... aproveito para dizer que tem postagem nova no Peplo!

:D

Em breve, terá aqui!