Caro Bukowski:
- obrigado por me livrar da ditadura da maiúscula; da amarra do parágrafo, da tortura impessoal da regra;
- obrigado por me ensinar a acordar dos porres, e encarar as consequências destes, como "o cagalhão fresco de cachorro que o sapato não viu hoje de manhã outra vez";
- por me mostrar que a vida pode ser também uma merda apaixonante;
- por mostrar que devemos nos fazer de fortes quando jovens, e nos retratarmos dessa besteira quando velho;
- quando nos encontrarmos - onde estará você? - que eu possa lhe perguntar o por que considerava Mickey Mouse nazista;
- depois disso, bebamos juntos algumas doses de Cutty Sark com água, algumas caixinhas de cerveja com meia dúzia, e suspiremos: "ah, a polícia onipotente, ah, armas poderosíssimas, ah os ditadores tirânicos, ah, os grandes burros de merda por toda parte, ah, os polvos solitários, solitários, ah, o tique-taque do relógio exaurindo o hasto vital de cada um de nós, sensatos e desequilibrados, santos e constipados, ah, os pés-rapados caídos pelos becos da miséria de um mundo dourado, ah, as crianças que ficarão medonhas, ah, os medonhos que ficarão ainda piores, ah, a tristeza..."
então ouviremos a voz que você tanto esperou Buk, mas não clamando, e sim concedendo misericórdia, e sentaremos nós dois, imaginando a sua estátua no Kremlin, enquanto esperamos o telefone tocar.
Obs: as citações entre aspas são do conto "Dei um tiro num cara lá em Reno", do livro Fabulário geral do delírio cotidiano: Ereções, ejaculações e exibicionismos - Parte II. O autor acho que não é necessário dizer.
- obrigado por me ensinar a acordar dos porres, e encarar as consequências destes, como "o cagalhão fresco de cachorro que o sapato não viu hoje de manhã outra vez";
- por me mostrar que a vida pode ser também uma merda apaixonante;
- por mostrar que devemos nos fazer de fortes quando jovens, e nos retratarmos dessa besteira quando velho;
- quando nos encontrarmos - onde estará você? - que eu possa lhe perguntar o por que considerava Mickey Mouse nazista;
- depois disso, bebamos juntos algumas doses de Cutty Sark com água, algumas caixinhas de cerveja com meia dúzia, e suspiremos: "ah, a polícia onipotente, ah, armas poderosíssimas, ah os ditadores tirânicos, ah, os grandes burros de merda por toda parte, ah, os polvos solitários, solitários, ah, o tique-taque do relógio exaurindo o hasto vital de cada um de nós, sensatos e desequilibrados, santos e constipados, ah, os pés-rapados caídos pelos becos da miséria de um mundo dourado, ah, as crianças que ficarão medonhas, ah, os medonhos que ficarão ainda piores, ah, a tristeza..."
então ouviremos a voz que você tanto esperou Buk, mas não clamando, e sim concedendo misericórdia, e sentaremos nós dois, imaginando a sua estátua no Kremlin, enquanto esperamos o telefone tocar.
Obs: as citações entre aspas são do conto "Dei um tiro num cara lá em Reno", do livro Fabulário geral do delírio cotidiano: Ereções, ejaculações e exibicionismos - Parte II. O autor acho que não é necessário dizer.
2 comentários:
cara
vou escrever uma carta de "agradecimento"
ehhee
Bebi muito Cutty nessa vida.
Agora só água (e acompanhado).
abraços.
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