terça-feira, 19 de maio de 2009

Para Marco Aurélio.

Depois da nossa conversa de hoje, me vieram algumas palavras de Jack Kerouac, saídas da boca do seu imortal personagem Dean Moriarty;

"Decidi abrir mão de tudo. Você me viu quebrar a cara tentando de tudo, me sacrificando, e você sabe que isso não importa; nós sacamos a vida, (...) - sabemos como domá-la, sabemos que o negócio é continuar no caminho, pegando leve, curtindo o que pintar da velha maneira tradicional. Afinal de contas, de que outra maneira poderíamos curtir? Nós sabemos disso."

Não preciso dizer mais nada, não é meu velho amigo de fé, meu irmão camarada?

Considerações a mais e quilos a menos...

Àqueles que não sabem, ando fazendo uma dieta, supervisionada por uma nutricionista e aquele blá-blá-blá todo. Nos primeiros meses, a coisa não deu um resultado muito notável, e foi até desanimador.

Entretanto, nesses últimos tempos, tenho perdido bastante peso, e a coisa vem se desenvolvendo de uma maneira até que satisfatória. Cabe dizer que a dieta aqui em questão não é por fins puramente estéticos, e uma busca pela "beleza magra", até porque "magro", na pura acepção da palavra, nunca serei, por uma questão de constituição corporal, mas meus antigos 127 kg no meu 1,78 m de altura, chegavam a ser algo sufocante e nem um pouco saudável.

Agora, com meus atuais 105 kg (e descendo!), descobri um outro prazer, a caminhada/corrida, pelas ruas por vezes desoladoras de Jaraguá do Sul. O sair de casa específico para isso, o ar das ruas, o movimentar para uma atividade física, são coisas reconfortantes e proveitosas. Nessas horas, lembro sempre do meu caro amigo Maikon K., que sempre fala do prazer de andar pela cidade, e eu vejo que isso é verdade, mesmo não me sentindo em casa nessa cidade.

Em tempo, meu emagrecimento seria quase que improvável, se não fosse pelo apoio incondicional da minha esposa e companheira de todas as horas, a Cibele, com seus "como você tá bonito", ou com seus puxões de orelha, muitas vezes necessários.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Banner


Estreia hoje aqui no blog, o lindíssimo banner, que meu caro irmão Marcelo fez, sem eu nem precisar pedir, hehe.

Gurizoto, muito obrigado, gostei pra caramba!



terça-feira, 12 de maio de 2009

Carta para o velho safado.



Caro Bukowski:

- obrigado por me livrar da ditadura da maiúscula; da amarra do parágrafo, da tortura impessoal da regra;

- obrigado por me ensinar a acordar dos porres, e encarar as consequências destes, como "o cagalhão fresco de cachorro que o sapato não viu hoje de manhã outra vez";

- por me mostrar que a vida pode ser também uma merda apaixonante;

- por mostrar que devemos nos fazer de fortes quando jovens, e nos retratarmos dessa besteira quando velho;

- quando nos encontrarmos - onde estará você? - que eu possa lhe perguntar o por que considerava Mickey Mouse nazista;

- depois disso, bebamos juntos algumas doses de Cutty Sark com água, algumas caixinhas de cerveja com meia dúzia, e suspiremos: "ah, a polícia onipotente, ah, armas poderosíssimas, ah os ditadores tirânicos, ah, os grandes burros de merda por toda parte, ah, os polvos solitários, solitários, ah, o tique-taque do relógio exaurindo o hasto vital de cada um de nós, sensatos e desequilibrados, santos e constipados, ah, os pés-rapados caídos pelos becos da miséria de um mundo dourado, ah, as crianças que ficarão medonhas, ah, os medonhos que ficarão ainda piores, ah, a tristeza..."

então ouviremos a voz que você tanto esperou Buk, mas não clamando, e sim concedendo misericórdia, e sentaremos nós dois, imaginando a sua estátua no Kremlin, enquanto esperamos o telefone tocar.




Obs: as citações entre aspas são do conto "Dei um tiro num cara lá em Reno", do livro Fabulário geral do delírio cotidiano: Ereções, ejaculações e exibicionismos - Parte II. O autor acho que não é necessário dizer.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Por quantas estradas?

Há alguns dias, escutei a música Blowin'in the wind, do Bob Dylan, e de chofre, a primeira frase já me chamou a atenção:

"How many roads must a man walk down, before you call him a man?"

Parei para pensar em outro aspecto que sempre me chamou a atenção em músicas e na literatura: o saudosismo, a saudade de um tempo que já passou, e então percebi que hoje em dia, já sinto saudade de um tempo que já passou.

Sinceramente, não sinto uma saudade ingrata dos meus "doze anos", como o Chico. Creio que a infância é um período que realmente deve passar, mesmo sendo extremamente importante. Hoje, sinto saudade de um tempo recente, de amigos que estavam sempre ao meu lado. Talvez essa saudade também não seja do tempo em si, mas sim de momentos que passaram, pois não trocaria a vida de hoje pela já passada, mesmo com toda a dificuldade que esta traz.

Dentro disso, me dei conta que isso marca uma vivência de minha parte. Quando declaro que não tenho uma saudade exacerbada da infância, foi porque sempre quis meio que passar rapidamente por ela. A idéia de ser adulto me fascinava. Hoje vejo que não é bem assim, mas que a vida, dentro dos parâmetros dela, vale sempre a pena. Porque será que não nos damos conta da felicidade no momento em que estamos passando, e sempre pensamos no que passou? Deixo a resposta novamente com Dylan:

"The answer my friend, is blowin'in the wind"
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